Uso de eletrônicos por crianças na quarentena

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06 abril 2020

Uso de eletrônicos por crianças exigeatenção redobrada na quarentena


Sem poder ir à escola ou brincar nos parques, os pequenos se distraem diante das telas e outros equipamentos tecnológicos

As crianças e adolescentes estão entre as principais vítimas do distanciamento social devido à pandemia de coronavírus, que impôs uma nova rotina a milhões de brasileiros desde meados de março. O aumento no uso de internet, equipamentos eletrônicos e plataformas de streaming é perceptível em todas as faixas etárias, mas se destaca entre a população infanto-juvenil que, ao mesmo tempo que se diverte, também está mais exposta e vulnerável aos golpes do mundo virtual.

Enquanto pais e cuidadores estão aprendendo a conciliar o trabalho remoto com os cuidados dos filhos – que estão proibidos de frequentar a escola e outras atividades rotineiras –, os pequenos encontram na tecnologia uma forma de distração para afastar o tédio do confinamento obrigatório. E é nessa hora que se tornam alvos fáceis para os mais diversos tipos de crimes ocorridos no ambiente digital. São delitos que vão desde pedófilos utilizando perfis falsos, jogos que induzem crianças e adolescentes a colocar em risco a própria vida, cyberbullying e até a invasão dos equipamentos eletrônicos da família para roubar dados pessoais e informações bancárias.

NEGLIGÊNCIA VIRTUAL
consultor em tecnologia e diretor da Datalege Consultoria Empresarial, Mario Toews, lembra que esse é o momento de redobrar a atenção e o monitoramento dentro de casa. “Os cibercriminosos estão atentos ao atual cenário e aproveitam possíveis deslizes para fazer novas vítimas. Infelizmente, há muitos casos em que a família comete negligência virtual ao ser indiferente ao que os filhos acessam”, comenta.

Mario comenta, no entanto, que muitas famílias não sabem que existem diversas ferramentas disponíveis para fazer o controle dos eletrônicos e evitar o excesso de exposição. O consultor montou uma espécie de tutorial para ensinar os pais a implementarem esses recursos dentro de casa e trabalharem com mais tranquilidade. Porém, ele ressalta que, independentemente da plataforma utilizada, o diálogo e os combinados da família devem prevalecer. “Informação, orientação e diálogos claros com as crianças, conforme o entendimento em cada fase etária, são os principais métodos preventivos quando o assunto é segurança na internet”, salienta.

Veja as dicas:
SMARTPHONES
Existem diversas ferramentas para monitorar remotamente o que as crianças e adolescentes fazem no celular. Alguns exemplos são o Kids Place, Google Family Link, Qustodio e FamiSafe. Os recursos oferecidos variam de acordo com o aplicativo, mas em geral permitem controlar o tempo de uso do smartphone, bloquear aplicativos, filtrar e detectar conteúdos suspeitos e rastrear a localização.

JOGOS ONLINE
Os famosos videogames têm suas versões interativas e em tempo real. As principais plataformas de jogos, como por exemplo Playstation, Xbox, Nintendo oferecem jogos online nos quais as partidas são jogadas pela web com participantes do mundo todo, sem saber exatamente quem está do outro lado. Nestes casos o jogador precisa fornecer seus dados pessoais para um cadastro antes de poder ingressar no ambiente digital.
O detalhe é que existe uma idade mínima a ser informada (e verdadeira) neste cadastro. E é aí que está o primeiro erro das famílias: na prática, os pais são coniventes com as informações incorretas para permitir o acesso dos filhos aos jogos.
Por exemplo, se o game permite apenas participantes com mais de 14 anos, é bem comum essa idade ser “ajustada” conforme a necessidade. Esse é um importante parâmetro de segurança que acaba sendo ignorado.
Além disso, os pais devem acompanhar os filhos durante algumas partidas, de forma aleatória, e prestar atenção às conversas (é bom estar preparado inclusive para ouvir muitos palavrões, em vários idiomas) para identificar algo estranho e poder orientar os filhos.

REDES SOCIAIS
Nesse caso, o ideal e recomendado é manter as crianças distantes das redes sociais e monitorar os adolescentes. No entanto, o YouTube é uma rede social que oferece muito conteúdo para todas as faixas etárias, inclusive para os pequenos. “É necessário separar o joio do trigo e quem tem que fazer isso é um adulto”, alerta Toews.
As dicas são as mesmas: diálogo e respeito às regras estabelecidas pela família, além de negociar e esclarecer a criança sobre a importância de a família ter acesso ao dispositivo para verificar os conteúdos.
Crianças e adolescentes costumam descobrir redes sociais e aplicativos que os adultos nunca ouviram falar e não têm nem ideia do que circula nestes programas. É fundamental os pais estarem informados sobre as novidades. Segundo o consultor, existe muita coisa produzida fora do Brasil e sendo absorvida localmente. “A velocidade de migração é rápida nessa faixa etária. Aqueles que ainda estão “checando” o Facebook ou Instagram dos filhos precisam se atualizar. Com certeza essas já não são mais as principais redes que eles acessam”, orienta.

COMPUTADOR
No caso de computadores, muito utilizados por gamers, onde as máquinas têm processadores potentes, memória abundante e telas de alta definição, as recomendações são as mesmas das plataformas anteriores.
Um ponto importante e adicional é a necessidade de ter os softwares todos legalizados e com um bom antivírus instalado e atualizado. A possibilidade de ataques hacker é grande e é preciso um olhar apurado para identificar programas instalados sem autorização no computador. Esses softwares podem roubar informações e senhas sem que o usuário se dê conta.
O ideal é criar um usuário e senha para a criança ou adolescente, para que toda a movimentação na rede fique registrada e seja possível saber quem acessou – principalmente quando o computador é utilizado por mais de uma pessoa.
Existem programas, inclusive gratuitos, para fazer o controle parental. Eles permitem estabelecer o tempo de uso de cada usuário, além de restringir acessos a sites, controle para compras na internet, localização, entre outras funcionalidades.
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